Edifício Gazeta

Conheça a Fundação Cásper Líbero, um incrível complexo de comunicação.

Edifício Gazeta

O Edifício Gazeta é o maior patrimônio físico da Fundação Cásper Líbero. Localizado na Avenida Paulista, 900, o edifício possui 14 andares, 68.000 m2 de área construída, que abrigam todas as unidades de negócio da Fundação. No prédio circulam em média 20 mil pessoas por dia. Na base estão dois símbolos: o painel frontispício “Gazeta”, de concreto, e a famosa escadaria, com seus 32 degraus. No alto estão presentes dois símbolos da entidade: a torre da TV Gazeta e Rádio Gazeta FM, com 85 metros, e a sirene – símbolo do jornal “A Gazeta” e da memória de Cásper Líbero, que é ouvida diariamente por todos, ao meio dia, no coração da Avenida Paulista.

O Edifício Gazeta é a quinta sede do grupo, desde a criação de “A Gazeta”, em 1906. Conheça um pouco sobre as antigas sedes (duas delas já não existem mais).

 

Primeiro endereço

 

Nome: Sede de “A Gazeta”
Período de utilização:
1906-1917
Logradouro original: Rua Quinze de Novembro, 33
Atual: Rua Quinze de Novembro, 250

 

Proprietários de “A Gazeta” no período:

  • Adolfo Campos Araújo de Araújo (1906-1914)
  • Branca Araújo (viúva) e Clibas, Hersio e Dione (filhos) – gestor: José Pedro de Araújo (seu irmão, provisoriamente) (1915)
  • João Dente (1915-1916)
  • Antônio Augusto Covello (1916-1917)

História:

Além de inaugurar no imóvel “A Gazeta”, em 16 de maio de 1906, Adolfo Araújo possuía o jornal literário “A Vida de Hoje”, que funcionava, à época, na Rua Direita, nº 9.
Com sua morte, em 07 de dezembro de 1915, sua viúva, Dona Branca pede ajuda para o cunhado e irmão do fundador de “A Gazeta”, o médico José Pedro de Araújo. Ele administra provisoriamente a publicação e o imóvel, até que consegue vender os bens de Adolfo Araújo para o advogado Dr. João Dente, em 1915, que depois de tentativas percebe após dois anos, que não tem vocação para o jornalismo. Assim, Dente se desfaz do jornal, vendendo-o também a outro advogado, Antônio Augusto Covello. Por sua vez, o Dr. Covello permanece no imóvel entre 1916 e 1917, transferindo-se para a Rua Líbero Badaró, no Edifício Maurice Levy. Dr. Covello permanece no comando de “A Gazeta” até 1918, quando vende a empresa jornalística para Cásper Líbero.
Nesta época o jornal o papel próprio para impressão do jornal “A Gazeta” era fornecido à Adolfo Araújo pela Casa Vanorden, localizada na Rua do Rosário (atual Rua João Brícola).

Segundo endereço

 

Nome: Edifício Maurice Levy
Período de utilização: 1917-1928
Logradouro original: Rua Líbero Badaró, 15-17
Atual: Rua Líbero Badaró, 624 / 628 (ainda existente)

 

Proprietários de “A Gazeta” no período:

  • Antônio Augusto Covello (1917-1918)
  • Cásper Líbero (1918-1928)

 

História:

Antônio Augusto Covello transferiu “A Gazeta”, em 1917, da Rua da XV de Novembro para a Rua Líbero Badaró, negociando o aluguel do imóvel com o Comendador Maurice Levy, cujo nome batiza o prédio de três andares (térreo, o primeiro e o segundo).
Cásper Líbero passou a trabalhar na redação do jornal, que Dr. Covello, também advogado, resolveu vender. Primeiro é oferecido para Miguel Arco e Flexa, que não aceita e indica o nome do jornalista Cásper Líbero, que aceita a proposta de comprar a publicação e torna-se dono de “A Gazeta” em 1918.
Em menos de cinco anos, Cásper Líbero negociou com o Comendador Maurice Levy a ampliação do prédio, um andar para cima, como está até os dias atuais. Foi construído no tempo recorde de uma semana. Assistem a inauguração do prédio, uma semana após o início das obras, Cásper Líbero, Miguel Arco e Flexa, Couto de Magalhães.
Atualmente funciona o Restaurante “Recanto da Líbero”, no 1º andar, com entrada pela escadaria do nº 624  e estacionamento no nº 628.

Terceiro endereço

 

Nome: Edifício Médici
Período de utilização: 1928-1939
Logradouro original: Rua Líbero Badaró, 4-4A
Atual: Rua Líbero Badaró, 651 (após obras pós-empastelamento, possuiu duas entradas: 645 e 651), tendo hoje no endereço edifício comercial no terreno entre os números 633 e 641.

 

Proprietários de “A Gazeta” no período:

  • Cásper Líbero (1928-1939)

História:

Antes de ser sede de “A Gazeta” este sobrado, de três andares acima do nível da rua e três pavimentos do subsolo, foi um hotel e pertencia ao Comendador Médici, com quem Cásper Líbero negociou a ida do jornal para lá. Entre 1930 e 1934, após o empastelamento da redação de “A Gazeta” em 24 de outubro de 1930, o jornal funcionou provisoriamente na sede do Correio Paulistano (daquele dia 24, da “Outubrada”, até 17 de novembro de 1930, a sede provisório foi o “Edifício João Brícola, na esquina da Rua João Brícola com a Rua XV de Novembro, em frente da Praça Antônio Prado).

Por razão do empastelamento da sede do jornal, Cásper Líbero recebeu do Governo Federal indenização em 1934, que possibilitou a construção do Palácio da Imprensa, inaugurado em 1939.

O Edifício Médici foi demolido e hoje está o prédio comercial da Atento, respeitada empresa de call-center, no Edifício Badaró (nº 633 e 641).  Antes foi construído para ser sede do Bank Boston (com 19.072 m² de área construída), que funcionou por vários anos no local.

Quarto endereço

 

Nome: Palácio da Imprensa (Edifício Gazeta)
Período de utilização: 1939-1966
Logradouro original: Rua da Conceição, 06 (a partir de 1943, Av. Cásper Líbero, 88)
Atual: Av. Cásper Líbero, 88
Projeto (Auditório): Martins Fontes e Eurico José.
Empresas responsáveis: Escritório Técnico Ramos de Azevedo – Engenheiros-Arquitetos Construtores Severo & Villares

Proprietários de “A Gazeta” no período:

  • Cásper Líbero (1939-1943)
  • Fundação Cásper Líbero (1944-1966)

História:

Em 03 de novembro de 1939 aconteceu uma solene inauguração deste edifício próprio de “A Gazeta”, com a benção do Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva. Discursam na data José Maria Lisboa (diretor do Diário Popular e presidente da API – Associação Paulista de Imprensa), João Neves da Fontoura (jornalista, parlamentar e membro da ABL – Academia Brasileira de Letras) e o próprio Cásper Líbero. Breves palavras são proferidas também por personalidades da época:  Assis Chateaubriand, Stefan Zweig, Henri Torrés, Tristão de Ataíde, Viana Mog, José Mariano Filho, João Neves de Fontoura (já citado), Olegário Mariano, Maurício de Medeiros, Altino Arantes, Filgueiras Lima, Coronel Onofre Muniz Gomes de Lima, Luiz Edmundo, Lopes Cansado, Coronel Ayrton Lobo, Coronel Jonas Correia, J. Maciel Filho, Alcântara Machado, Padre Arias Cruz, Manoel Oliveira Franco Sobrinho, Costa Rego, Afonso Arinos de Melo Franco e outros: escritores, críticos, romancistas, teólogos, economistas, historiadores, militares, jurisconsultos, artistas, etc. É realizado também concerto de Madalena Tagliaferro, interpretando Beethoven e Chopin, que também realiza Curso de Interpretação Pianística, assim como o Maestro Heitor Villa-Lobos, que proferiu palestra também, e curso sobre Psicologia Experimental do Padre dominicano Marcel Marie Desmarais. O Palácio da Imprensa foi o primeiro prédio projetado e construído propriamente para um veículo de comunicação no país.


Desde o final da década de 1960, o imóvel deixou de pertencer à Fundação Cásper Líbero, sendo sua primeira sede desde 1944, quando os bens de “A Gazeta” e de Cásper Líbero foram transformados em Fundação a partir do que foi descrito pelo jornalista em seu testamento (Cásper Líbero faleceu em 1943). O imóvel foi adquirido em 2007 pela Justiça Militar da União, em São Paulo, passando por uma grande obra que restaurou a fachada e alguns ambientes, além de adequar às atividades da instituição. As obras duraram de dezembro de 2008 a maio de 2010, sendo o prédio reinaugurado com grande evento no dia 17 de junho de 2010.
Foi preservada e restaurada a pintura circular de cerca de oito metros de comprimento, de autoria do artista italiano Fulvio Pennachi. O afresco, de 1969, conta a história da imprensa (começando com Johannes Guttenberg, pai da imprensa mundial, em 1442, em Mainz, na Alemanha) e está localizado no alto do pequeno hall de entrada (onde está a portaria e os elevadores do prédio). Pennachi fez o afresco a pedido de Cásper Líbero, para enaltecer mais ainda a importância do Palácio da Imprensa.
Conforme Miguel Arco e Flexa, no livro “48 Anos de A Gazeta”, o imóvel era chamado de Edifício Gazeta (como o da Av. Paulista, 900) e também de Palácio da Imprensa (por ser o primeiro destinado à comunicação no país). Era apelidado, antes e depois da morte do jornalista proprietário, como “Casa de Cásper Líbero” (apelido cujo Edifício Gazeta na Avenida Paulista também ganhou em seu princípio).

Quinto endereço

 

Nome: Edifício Gazeta
Período de utilização: 1966-Atualidade
Logradouro original: Av. Paulista, 900-910
Atual: Av. Paulista, 900
Projeto (Auditório): Celso José Maria Ribeiro – “Uma Luz Sobre São Paulo”
Empresas responsáveis: Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projeto S.A.
Proprietários de “A Gazeta” no período:

  • Fundação Cásper Líbero (1966-Atualidade)

A Fundação viu a necessidade de expandir suas instalações e centralizar suas empresas em um só lugar. Pensou-se em algo simbólico que enaltecesse mais ainda os ideais do fundador. Surgiu assim a ideia de criarem a Casa de Cásper Líbero em plena Avenida Paulista, endereço símbolo da cidade.

A ideia não era simples. Era um projeto arrojado. O sonho de criar um grande centro cultural, instalado no maior prédio do mundo, transformar-se-ia na maior construção em concreto armado.

As obras começaram em 1958.  O projeto foi concebido pelo renomado engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz. Futuro prefeito de São Paulo, foi construtor de obras históricas como o vão livre do Masp – Museu de Arte de São Paulo, o Metrô de São Paulo, o Planetário do Ibirapuera, a cúpula e as torres da Catedral da Sé e o Paço Municipal. O engenheiro Ary de Albuquerque (contratado pela Fundação) ficou responsável pela obra.

O projeto ganhou um nome-slogan: Uma luz sobre São Paulo.

 

Voltando à construção, o local escolhido na Avenida Paulista era a área central da quadra entre a Alameda Joaquim Eugênio de Lima e a Alameda Campinas, com fundos para a Rua São Carlos do Pinhal.

Paulo Santos Mattos, jornalista de A Gazeta, escreveu em matéria do dia 16 de maio de 1966:

“Pareciam obras de monumental represa. Obra faraônica. Ritmo de trabalho e entusiasmo como vimos em Brasília. Era uma nova Babel sendo levantada, com uma diferença fundamental: só os que nela não criam, ou por ela não trabalhavam, falavam línguas diferentes. Os demais integrados no idealismo sacrossanto de criar, crescer e subir, se identificavam e se entendiam perfeitamente, na linguagem positiva de mexa-se. Agora está pronta a mágica. Do vazio do buraco surgiu um monumento de aço e pedra que inscreverá com letras de ouro, nos anais da civilização e da cultura, um novo marco de vista, de fé, realização e coragem”.

Quando foi publicada essa matéria especial, dois terços da obra já estavam construídos (82 metros de altura sobre a Paulista). O edifício gradativamente começou a ser utilizado oficialmente no primeiro semestre de 1966 (alguns departamentos já estavam no edifício no início da década, como a administração, que se instalou em 1961). Aos poucos, todos se mudaram do Palácio da Imprensa para nova “Casa de Cásper Líbero”. Em 21 de maio, o Cine Gazeta foi inaugurado com o filme “Ontem, Hoje e Amanhã” (com Sophia Loren e Marcelo Mastroianni); ainda no mês de maio começou a construção da torre da futura TV Gazeta. Em 30 de junho ocorreu a transferência geral para o novo edifício, esvaziando-se a antiga sede na Avenida Cásper Líbero.

Uma amostra da importância que a obra teve para o campo da engenharia é a de que, em 20 de junho de 1966, o Edifício Gazeta foi escolhido para realizar a cerimônia de abertura da IX Jornada Sul-Americana de Engenharia Estrutural em suas dependências. Durante uma semana, o edifício foi percorrido por cerca de 150 técnicos de 40 países sul-americanos, além de engenheiros brasileiros de todos os estados.

Era um projeto ambicioso. A fachada já impressionava a quem passasse. Foi construída uma grande escadaria no número 900 da Avenida Paulista. Também um mural, com 45 graus de inclinação, com a pintura de uma enorme bandeira do estado de São Paulo (o painel foi substituído pelo mosaico de concreto, com múltiplos logotipos da “Gazeta” em 18 de dezembro de 1978, o que deu à Avenida Paulista um novo símbolo; após reformas iniciadas no primeiro semestre desse ano, foi inaugurado com festa o painel Gazeta, no frontispício do Edifício Gazeta, do artista Fernando Cerqueira Lemos).

Por serem mais largas as calçadas da Paulista havia ainda um pequeno jardim com 30 mastros em que se penduravam flâmulas das cores preta, branca e vermelha. E ainda um toque de modernismo no toldo sob a escadaria: uma verdadeira treliça de ferro e cimento armado, com uma leve inclinação para o alto. As colunas da escadaria eram arredondadas. Com as modificações no projeto, o moderno toldo foi substituído por um convencional e retangular e as pilastras ficaram mais grossas, com ângulos retos.

Em 21 de abril de 1983, numa parceria com a Rede Globo, foi construída a torre da TV Gazeta – com a antena das duas emissoras. Foi a primeira torre iluminada de São Paulo e, consequentemente, a primeira na Avenida Paulista.