Jornal A Gazeta

Conheça a Fundação Cásper Líbero, um incrível complexo de comunicação.

Jornal A Gazeta

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Gazeta Press – Capa do Jornal A Gazeta, de 28 de agosto de 1949.

O jornal A Gazeta foi a célula-mãe da atual Fundação Cásper Líbero. Fundado por Adolfo Campos de Araújo, circulou pela primeira vez em 16 de maio de 1906.

A Gazeta surgiu com o espírito republicano e o vespertino seguiu os moldes dos jornais do século XIX: poucas imagens e muito texto. Como era de costume na época, dedicava-se, entre outras coisas, a defender um posicionamento político e a tratar de economia, literatura e cultura.  Os primeiros anos do jornal ficaram marcados por crises financeiras, que caracterizavam um período de instabilidade.

Após a morte de Adolfo, em 1915, a publicação foi administrada por seu irmão José Pedro Araújo, que a vendeu para o advogado João Dente, sendo posteriormente repassada a Antônio Augusto de Covello, que novamente a revendeu, em 14 de julho de 1918, ao jornalista Cásper Líbero – este que promoveu reformas e inovações, começando pela diagramação e apresentação gráfica ímpar – a primeira em cores no Brasil. Nas mãos de Cásper, “A Gazeta” atingiu seu período áureo, entre as décadas de 1920 e 1950. Aquele jornalista empreendedor transformou seu vespertino no mais moderno jornal da América Latina.
“A Gazeta” viria a se tornar o jornal preferido dos paulistanos e desempenhou papel de extrema importância na defesa das instituições democráticas, tornando-se, em 1932, a voz da Revolução Constitucionalista, em São Paulo.

Dois anos antes, “A Gazeta” tomou a frente da Revolução de 1930 e do crescente Movimento Constitucionalista, por isso foi empastelada por getulistas ainda naquele ano. Os revoltosos, além de incendiarem as instalações do vespertino, destruíram o relógio (símbolo máximo do jornal), que se localizava na faixada do prédio. Cásper Líbero moveu uma ação contra o Governo Federal e, com o dinheiro da indenização, viajou à Alemanha e comprou os mais modernos equipamentos de impressão existentes.

Cásper também inovou ao lançar um caderno dedicado aos esportes (A Gazeta Esportiva – que em 1947 tornou-se jornal) e ao criar o suplemento A Gazeta Infantil, com textos para crianças e histórias em quadrinhos; “A Gazeta Magazine”, sobre literatura; “A Gazeta em Rotogravura”, “A Gazeta Juvenil”, “A Gazeta Esportiva Ilustrada”, entre outros. Foi pioneiro na criação de muitos suplementos. Cásper ainda valorizou as temáticas locais, regionais, culturais, esportivas e sociais, a fim de atrair a atenção dos leitores. Assuntos que não eram abordados pela imprensa brasileira, ganharam espaço em “A Gazeta”.

O crescimento e a modernização do vespertino estagnaram com a morte de Cásper, em 1943. Mas A Gazeta ainda se manteve como pioneira até a década de 50, quando os demais jornais promoveram inovações. No dia 25 de agosto de 1979, em meio a uma crise financeira, A Gazeta se transformou em um suplemento do jornal A Gazeta Esportiva. Mas, 20 anos depois, o caderno deixou de ser publicado.

A Gazeta, ao longo de sua trajetória centenária, trabalhou na busca pelo desenvolvimento de São Paulo e do país. Com forte cunho nacionalista, o jornal fez do “progresso” a palavra-chave que resume a sua história. A Gazeta, com 73 anos de publicação, ensinou à posteridade como fazer do jornalismo uma arma social em prol do país.

O jornal A Gazeta surgiu com o espírito republicano. Quando criado, o vespertino seguiu os moldes dos jornais do século XIX: poucas imagens e fotos e muito texto. Como era de costume na época, dedicava-se, entre outras coisas, a defender um posicionamento político e a tratar de economia, literatura e um pouco de cultura.

Ao assumir o comando de A Gazeta, Cásper Líbero promoveu um programa de modernização no veículo, a fim de transformá-lo no jornal mais moderno da América Latina. Esta iniciativa ocorreu em três etapas, que garantiram sua notoriedade, até a morte surpreendente de Cásper Líbero.

Gazeta Press

Gazeta Press

Primeira fase

Entre 1918 e 1928, desenvolveu-se a primeira fase de modernização do jornal, na qual se iniciou um processo de reorganização e reestruturação do vespertino, que incluiu a aquisição de maquinário e a busca de instalações mais adequadas para a redação. No entanto, este período foi marcado por crises financeiras, já que o jornal se encontrava endividado e com baixas vendas.

O jornalista realizou modificações editoriais, valorizando temáticas locais, regionais, culturais, esportivas e sociais, até então pouco divulgadas. Cásper traz, portanto, assuntos que já eram abordados pela mídia europeia e norte-americana, desde o século XIX, para a imprensa brasileira. Através de matérias sobre a urbanização da cidade e suas consequências, criou-se um vínculo entre a comunidade e o jornal.

A Gazeta começou a publicar uma página, em cada edição, destinada à cobertura esportiva no Brasil e no mundo. O interesse dos leitores pelo assunto incentivou Cásper a publicar o suplemento A Gazeta Esportiva, que futuramente – em decorrência de seu sucesso – se desvincularia do vespertino e se tornaria um jornal independente.

Apaixonado pelo esporte, o jornalista fez de A Gazeta, uma difusora desta prática. Para chamar a atenção dos leitores, concebeu diversas provas esportivas, como a São Silvestre, Prova Ciclística Nove de Julho, Campeonato Nacional de Futebol Varzeano e Travessia a Nado de São Paulo, sendo que algumas delas ainda são disputadas nos dias atuais. Além de tais eventos, Cásper patrocinou o concurso de Beleza Senhorita São Paulo, que é antecessor ao concurso de Miss Brasil.

Para incentivar a leitura do jornal por todos os membros da família, Cásper criou a Página Feminina e A Gazeta Infantil.

Na publicação destinada às mulheres, o vespertino procurou unir temáticas sobre corte, costura, culinária e crianças com assuntos dedicados às mulheres modernas, que trabalhavam e praticavam esportes. A Página Feminina é a primeira seção de interesse feminino, publicada por um dos grandes jornais da época.

O suplemento A Gazeta Infantil, que mais tarde ficou conhecido como Gazetinha, apresentava charges e histórias em quadrinhos, além de matérias destinadas ao público infanto-juvenil, o que era inexistente na imprensa brasileira da época. Anos depois, criou-se o suplemento A Gazeta Juvenil, com o objetivo de publicar textos para os adolescentes já habituados à leitura.

Segunda fase

Com as finanças equilibradas, A Gazeta ingressou em uma nova fase, na qual Cásper Líbero priorizou as reformas nas instalações do jornal e o investimento em equipamentos novos e modernos. A segunda etapa de modernização instaurada pelo dono do jornal aconteceu até o início da década de 40.

Para ampliar a modernização de A Gazeta, o escritório técnico Ramos de Azevedo construiu, sob a orientação de Cásper, o primeiro edifício específico para abrigar um jornal no Brasil. Localizado na Rua da Conceição, atualmente Avenida Cásper Líbero, o prédio com oito andares contava com arquivo, biblioteca, gabinetes individuais para os redatores, oficinas de impressão, auditório com capacidade para 300 pessoas e apartamentos para hóspedes de honra. Cásper Líbero aproveitou a estrutura moderna para promover cursos, palestras e exibição de filmes, a fim de integrar a sociedade ao veículo.

Terceira Fase

A terceira e última fase de modernização implantada por Cásper Líbero em A Gazeta, que vai de 1940 a 1943, procurou difundir atividades cívicas à população. Em palestras e debates realizados, celebridades internacionais, intelectuais e empresários se apresentavam no auditório do jornal, que se tornou um grande centro cultural e político do país. Para apresentar o debate político-cultural desenvolvido, Cásper criou o suplemento A Gazeta Magazine, em 1941.

Mas, a grande inovação trazida por A Gazeta e adotada pelos demais jornais da época, foi a organização das informações e matérias em editorias e cadernos. Até hoje, muitas das modernizações implantadas pelo vespertino paulistano são fonte e inspiração para a produção do bom jornalismo.

O crescimento e a modernização do jornal estagnaram com a morte de Cásper, em 1943. A Gazeta ainda se manteve como pioneira no jornalismo até a década de 50, quando os demais veículos promoveram mudanças.

As evoluções, a partir de 1944, com a criação da Fundação Cásper Líbero se disseminaram cada vez mais através de suas unidades. “A Gazeta Esportiva” tornou-se o primeiro vespertino esportivo diário; a Rádio Gazeta AM virou referência como emissora de elite e depois como estação dedicada aos esportes; a Faculdade Cásper Líbero foi a primeira instituição de ensino de jornalismo (e consequentemente, de comunicação) nacional; a TV Gazeta foi pioneira nas cores na televisão brasileira e a primeira a utilizar tecnologia brasileira na TV digital; a Rádio Gazeta FM foi uma das primeiras FMs do país. A semente plantada por Cásper Líbero e por sua “A Gazeta” cria inovações a cada novo dia, tornando-se referência como um dos mais respeitados complexos de comunicação brasileira.

Impressões

Em 16 de maio de 1936, data do 30º aniversário de A Gazeta, Cásper Líbero escreveu o artigo reproduzido parcialmente nesta página. Hoje a mensagem do patrono segue mais viva do que nunca: o jornal de papel transformou-se, a modernidade levou a empresa a investir em outras mídias, mas o jornalismo continua sendo o ‘combustível’ que move a Fundação Cásper Líbero.

“A Gazeta faz anos hoje. É uma data bastante agradável para os que trabalham nesta casa, porque representa a afirmação de uma vitória coletiva. O corpo redatorial, a administração e as oficinas sentiram as mesmas esperanças, sofreram as mesmas tristezas, trabalharam com o mesmo ardor, para que A Gazeta atingisse a situação que hoje desfruta. Um jornal não é apenas um amontoado de máquinas, de onde saem para a rua as expressões do nosso pensamento, o clamor das nossas campanhas, a essência das nossas aspirações.
O jornal é um conjunto de pessoas que, doentes ou com saúde, trabalhando sobre o mesmo teto, com o mesmo ideal e sob a mesma bandeira, realizam com fé religiosa, todos os dias, sem descanso, haja sol ou chuva, calor ou frio, um esforço eficiente, apenas com o objetivo de projetar o jornal para o futuro.

Podemos garantir ao público: na Gazeta todos formamos uma só família, esforçamo-nos por fazer o melhor possível o nosso jornal.

Não é sem propósito dizer as minhas impressões de diretor. A vitória da Gazeta reflete, antes de tudo, o espírito da nossa raça. É nesta, nos seus anseios, nos seus sofrimentos, ou nos seus momentos de prazer, que vamos buscar as emoções para transformá-las em diretriz e programa. É preciso que se saiba que o jornal deve ser o reflexo de sua cidade e não a cidade o reflexo do jornal.
Nosso ponto de vista é procurar a orientação no povo, na massa, na rua, fugindo por princípio à preocupação enfática de certos jornalistas que se julgam capazes de por si só dirigir a civilização e os movimentos políticos de sua terra. São Paulo não suportaria tal pretensão, porque, pela sua cultura, e, sobretudo, pelo seu feitio tradicional, está mais a altura de guiar do que ser guiado. Por assim entender é que a nossa municipalidade inscreveu, dentro de seu próprio escudo, um lema bem significativo e bem paulista – “Non ducor, duco”.

Um jornal não tem amigos; tem diretrizes. Não deve reclamar direitos porque só tem direito.

E foi porque houvéssemos traçado esse caminho na nossa vida profissional que o povo de São Paulo sempre esperou da Gazeta a manifestação de uma grande honestidade profissional e de um grande espírito de justiça.

A situação de prestígio em que se colocou a Gazeta, tanto em São Paulo como no Brasil inteiro, é um reflexo da simpatia unânime pelas nossas diretrizes e a aprovação de tudo quanto temos feito.

E assim vamos seguindo tempo afora com a Gazeta.
Outros diretores virão, mas uma coisa pode ser dita com a máxima segurança: hoje e sempre a Gazeta terá orientação própria. Poderá errar, mas os seus erros serão reflexos das suas convicções e da sua honestidade.
É assim que imaginamos entregar ao tempo a vida da Gazeta.”

Cásper Líbero